CAMPANHA ELEITORAL: MANIFESTO POLÍTICO DO PARTIDO VERDE
“Nunca se mente tanto como depois de uma caçada, durante uma guerra, ou antes de umas eleições”
Otto Von Bismark
Otto Von Bismark
“A penalização por não participares na política, é acabares a ser governado pelos teus inferiores.”
Platão
« Mas o resultado de todas as suas consultações e deliberações tinha sido aquele tão legítimo, tão clássico e proverbial português de: AMANHÃ VEREMOS. Assente e aceite este grande ultimatum da política portuguesa, que mais há que fazer? Os ministros adormecem nos seus gabinetes dourados, os senadores nas suas curuis de marfim, e os próprios tribunos –
quando os há – roncam nos seus escanos de pinho, porque tudo está dito e tudo está feito. Boas noites, amada pátria, e até amanhã.»
Almeida Garrett
“Às
vezes, é melhor ficar calado e deixar que as pessoas pensem que você é
um imbecil, do que falar e acabar de vez com a dúvida”
Abraham Lincoln
Abraham Lincoln
MANIFESTO POLÍTICO DO PARTIDO VERDE
O Candidato único do Partido Verde distingue-se dos demais pela postura e pela gravata, ambas verdes.
Mais nada.
Mais nada.
Absolutamente mais nada!
Porque, em verdade... não vale a penamais nada que isso, se não vejamos:
«As campanhas eleitorais podem definir-se pela elaboração de manifestos eleitorais que ninguém lê – e que após os votos contados só vão ser válidos para o que interessar; por uma chuva de promessas que ninguém espera cumprir, ou ver cumpridas e a criação de uma suposta atmosfera de festa, com muitos gritos, ruído e tentativas de juntar muitas pessoas com bandeirinhas, seja à volta de uns canecos, seja em arruadas ou espaços confinados, abrilhantados com bandas rock, foguetes, cabeçudos e parafernália vária.
Tenta-se esquadrinhar o país, o melhor possível, com este pão e circo omnipresente.
Quanto mais ululante for o espectáculo, mais aquelas alminhas se sentem reconfortadas e confiantes.
Os que podem distribuem camisolas, canetas, emblemas, bonés, sacos e miudezas várias com símbolos partidários, que não servem rigorosamente para nada a não ser dar dinheiro a ganhar a quem os vende.
Alguns autarcas mais afoitos ou endinheirados chegam a oferecer eletrodomésticos; no século XIX chamavam-lhes caciques locais e, sempre que podiam, davam umas “chapeladas”, nas urnas…
Aliás o termo “urna” define bem – certamente por ironia do destino – o fim de todo este espectáculo que, com o passar do tempo se assemelha a funeral.
Como os estrategas das campanhas entendem que este receituário dá votos, os partidos concorrentes esmifram-se por arranjarem cada vez mais fundos para gastar, provocando uma espiral de gastos escandalosos e supérfluos, que são um atentado ao bom senso e uma ofensa ao comum do cidadão!
O conceito requentado de “esquerda” e “direita” – também ele com origem na Revolução Francesa – também inquina tudo e não ajuda a nada. Este conceito tem origem na Assembleia Nacional Francesa, quando os partidários do Rei se sentavam à direita do Presidente da Assembleia, e os partidários da Revolução se sentavam à esquerda.
Os debates e os discursos são, de um modo geral, de uma pobreza confrangedora; vazios de ideias; cheios de ataques pessoais; mentiras avulsas ditas com ar sério; sem qualquer sentido de Estado, preocupação institucional, ou de qualquer assunto que seja relevante para a vida da Nação.
Se o saudoso Coronel Homero de Matos fosse vivo estaria, por certo, a ouvi-lo dizer deles “têm a luminosidade de uma vela de sebo dentro de um corno de carneiro”!
Não raro o discurso de campanha muda ou inflete, conforme episódios fortuitos ou provocados, que vão surgindo; resultado de “sondagens” – outro negócio que só vai servindo para confundir o eleitor; ou com dizeres de comentadores, que passaram a pulular e que nenhum órgão de comunicação agora dispensa. Parece até que passaram a constituir uma espécie de Camara - Baixa do Parlamento…
No meio disto tudo, os candidatos a deputados – os tais representantes do povo – praticamente não existem, concentrando-se tudo nas figuras dos chefes partidários.
E ao que eles se submetem, meu Deus!
Como é que pessoas crescidas se dispõem a fazer figuras ridículas e caricatas como andar a cantarolar, ou a dar um pé de dança, em festarolas; provar todos os vinhos e petiscos que lhes põem à frente (este ainda é o menos mau); andar a beijocar varinas nos mercados e criancinhas com ranho, em feiras; como se sujeitam a ouvir imprecações nas ruas e mais um sem número de momices e futilidades, que uma pessoa no seu estado normal – isto é, não estando em campanha eleitoral – jamais lhe passaria pela cabeça fazer, em público?
Tudo isto para pedir um voto?
Mas o voto será assim uma coisa de tão pouco valor que vale o que eles se sujeitam?
E depois de termos visto e ouvido os futuros governantes a esfalfarem-se nestas figuras tristes, alguém os pode respeitar ou levar a sério?»
João José Brandão Ferreira
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