Sunday, June 10, 2007

A saga do ousado caçador africanista - Episódio 1



Não me lembro bem do que aconteceu porque na noite anterior tinha bebido, de modos que estava um pouco ressacado mas recordo-me perfeitamente de tudo como se tivesse sido há dez minutos atrás.
A gente saiu cedo e fomos por ali a diante até que se acabou o caminho, e a partir daí foi sempre a abrir.
Abrir o caminho, literalmente e proverbialmente, á catanada, de tal forma que abrimos uns lanhos valentes no fio da catana e outros da vegetação circundante, e foi mesmo por falta de pontaria que não arrancamos um braço ou mesmo uma cabeça a alguém.
Se há uma coisa que eu gosto nestes passeios é a vegetação circundante, sobretudo quando é luxuriante e verdejante.
O único problema são as silvas.
E o tojo também é um problema.
Depois há um arbusto, cujo nome não sei e que também pica bastante.
Mas depois de um bom bocado a ser perfurado por estes seres vegetais todos, o veneno ou a seiva venenosa ou lá o que é, começa a fazer efeito, e deixo logo de me preocupar com os nomes das coisas.
Mas gosto bastante da vegetação.
O que eu não gosto muito é da vegetação bastante, acho que há limites!
E de facto da última vez bastou-me, agora já não quero mais.
Ou pelo menos até me sararem as feridas, depois vou á procura de mais.
É que é viciante, o veneno que as plantas segregam pelos espinhos que se nos cravam nas carnes.
Ou é isso ou é alguma propriedade alucinogénia. Como os cogumelos bostídeos de vacas loucas.
Ou então é uma reacção alérgica.
Mas eu acredito que as plantas não nos queiram mal, pelo menos intencionalmente, mas confesso que ás vezes chego a pensar que são carnívoras, ou vampíricas, ou pelo menos gostam de chicha, ou assim.
Agora vou desligar, tenho de ir tomar a injecção.




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