Monday, April 30, 2018

TAÍNHAS DISPUTAM CHUPETA DE CRIANÇA QUE DESAPARECEU NO RIO ALBIELA



Caríssimos Leitores,
Não fora o repórter testemunhar in loco e in vivo o fenómeno, teria graves e renitentes reticências em acreditar se lho tivessem dito ainda que a fonte fosse boa e cristalina.
O sucedido sucedeu  no passado dia feriado, em que aproveitando o calor que se fazia sentir, o repórter da nossa redacção, cujo nome nos escusamos a pronunciar porque nos pediu anonimato, se deslocou a banhos às margens do Rio Albiela para se refrescar nas límpidas e translúcidas águas desse rio que, como se sabe, abastece a Capital do Império deste precioso líquido.
Eis se não quando se apercebe da uma comoção num outro extremo da praia e, quando se acercou da margem onde um extenso maralhal gesticulava e davam encontrões uns aos outros enquanto que vociferavam palavras de desespero, constatou que um cardume muito numeroso de peixes, que depois se ventilou tratarem-se de taínhas, também elas a banhos, disputavam uma chupeta de criança.
Nada de extraordinário para quem, como o referido repórter, já assistiu a diversos fenómenos curiosos, se não mesmo estranhos, como uma gaivota a jogar basebol, um periquito a tocar piano, e uma cigana a urinar de pé, mas ao que parece, apurou ainda, a referida chupeta pertencia a uma criança de seu nome Francisquinho, que no dia anterior daqui desapareceu enquanto se banhava no rio na companhia dos seus dois progenitores. Tanto estava a criança na água com ela pelos tornozelos como de repente, num pestanejar de olhos mais ténue que o bater de asas de uma borboleta do outro lado do globo, desapareceu sem que nunca ninguém mais o visse ou lhe pusesse mesmo as vistas em cima.
As buscas ainda não tinham cessado, dois bombeiros patrulhavam as águas numa gaivota, sendo aquele o primeiro sinal do pequeno Francisquinho o que, veio trazer alguma esperança aos pais que, desde o dia anterior não arredaram pé.
Também despertado por este alvoroço, um senhor corpulento, que pelos vistos era um Cabo-do-Mar, de folga e também a banhos, atirou-se à água para recuperar a chupeta que depois de um violento chafurdar de braços e pernas, mãos e pés, e barbatanas, atirou a chupeta para a margem, que ficou logo à guarda de um guarda da GNR que estava ali e tentava, a custo e de cassetete em riste, pôr ordem na turba.
Quanto ao Cabo-do-Mar, não voltou, ninguém percebeu se continuou as buscas para jusante, na esperança de encontrar a criança, um gesto que a todos sensibilizou.

Mesmo em cima do fecho da edição deste pasquim, chegou-nos informação de que um novo indício tinha surgido, uma fralda, que as taínhas não tocaram, e que testes forenses revelaram tratar-se afinal de uma fralda de adulto, por certo do lar de idosos que há para montante.

O repórter voltou para casa mais cedo e já não arriscou banhar-se nas águas do Rio Albiela, ainda que límpidas, à cautela decidiu dar banho aos joanetes em casa, onde não costuma haver taínhas.


1 Comments:

Blogger Capitão Barbas said...

"Fenómenos estranhos [1]"

10:03 PM  

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