Thursday, October 27, 2022

Departamento dos contos e ditos

(texto copiado de um mail do Sr. Eng. Ferraz)

 

JURAR DE PÉS JUNTOS:


Mãe, eu juro de pés juntos que não fui eu. A expressão surgiu através

das torturas executadas pela Santa Inquisição, nas quais o acusado de

heresias tinha as mãos e os pés amarrados (juntos) e era torturado

para dizer nada além da verdade. Até hoje o termo é usado para

expressar a veracidade de algo que uma pessoa diz.



TIRAR O CAVALO DA CHUVA:


Pode ir tirando seu cavalinho da chuva porque não vou deixar você sair

hoje! No século XIX, quando umar visita iria ser breve, ela deixava o

cavalo ao relento em frente à casa do anfitrião e se fosse demorar,

colocava o cavalo nos fundos da casa, num lugar protegido da chuva e

do sol. Contudo, o convidado só poderia pôr o animal protegido da

chuva se o anfitrião percebesse que a visita estava boa e dissesse:

"pode tirar o cavalo da chuva".  Depois disso, a expressão passou a

significar a desistência de alguma coisa.


DAR COM OS BURROS N'ÁGUA:


A expressão surgiu no período do Brasil colonial, onde os tropeiros

que escoavam a produção de ouro, cacau e café, precisavam ir da região

Sul à Sudeste sobre burros e mulas. O facto era que muitas vezes esses

burros, devido à falta de estradas adequadas, passavam por caminhos

muito difíceis e regiões alagadas, onde os burros morriam afogados.

Daí em diante o termo passou a ser usado para se referir a alguém que

faz um grande esforço para conseguir algum feito e não consegue ter

sucesso naquilo.


GUARDAR A SETE CHAVES:


No século XIII, os reis de Portugal adoptavam um sistema de

arquivamento de jóias e documentos importantes da corte através de um

baú que possuía quatro fechaduras, sendo que cada chave era

distribuída a um alto funcionário do reino. Portanto eram apenas

quatro chaves. O número sete passou a ser utilizado devido ao valor

místico atribuído a ele, desde a época das religiões primitivas. A

partir daí começou-se a utilizar o termo "guardar a sete chaves" para

designar algo muito bem guardado...


OK:


A expressão inglesa "OK" (okay), que é mundialmente conhecida para

significar algo que está tudo bem, teve sua origem na Guerra da

Secessão, no EUA. Durante a guerra, quando os soldados voltavam para

as bases sem nenhuma morte entre a tropa, escreviam numa placa "0

killed" (nenhum morto), expressando sua grande satisfação, daí surgiu

o termo "OK".


ONDE JUDAS PERDEU AS BOTAS:


Existe uma história não comprovada, de que após trair Jesus, Judas

enforcou-se  numa árvore sem nada nos pés, já que havia posto o

dinheiro que ganhou por entregar Jesus dentro de suas botas. Quando os

soldados viram que Judas estava sem as botas, saíram em busca delas e

do dinheiro da traição. Nunca ninguém ficou sabendo se acharam as

botas de Judas. A partir daí surgiu à expressão, usada para designar

um lugar distante, desconhecido e inacessível.


PENSANDO NA MORTE DA BEZERRA:


A história mais aceitável para explicar a origem do termo é

proveniente das tradições hebraicas, onde os bezerros eram

sacrificados para Deus como forma de redenção de pecados. Um filho do

rei Absalão tinha grande apego a uma bezerra que foi sacrificada.

Assim, após o animal morrer, ele ficou se lamentando e pensando na

morte da bezerra. Após alguns meses o garoto morreu.


PARA INGLÊS VER:

A expressão surgiu por volta de 1830, quando a Inglaterra exigiu que o

Brasil aprovasse leis que impedissem o tráfico de escravos. No

entanto, todos sabiam que essas leis não seriam cumpridas, assim,

essas leis eram criadas apenas "para inglês ver". Daí surgiu o termo.



RASGAR SEDA:


A expressão que é utilizada quando alguém elogia grandemente outra

pessoa, surgiu através da peça de teatro do teatrólogo Luís Carlos

Martins Pena. Na peça, um vendedor de tecidos usa o pretexto de sua

profissão para cortejar uma moça e começa a elogiar exageradamente a

sua beleza, até que a moça percebe a intenção do rapaz e diz: "Não

rasgue a seda, que se esfiapa."


O PIOR CEGO É O QUE NÃO QUER VER:


Em 1647, em Nimes, na França, na universidade local, o doutor Vicent

de Paul D`Argent fez o primeiro transplante de córnea num aldeão de

nome Angel.  Foi um sucesso da medicina da época, menos para Angel,

que assim que passou a enxergar ficou horrorizado com o mundo que via.

Disse que o mundo que ele imaginava era muito melhor. Pediu ao

cirurgião que arrancasse os  seus olhos. O caso foi acabar no tribunal

de Paris e no Vaticano. Angel ganhou a causa e entrou para história

como o cego que não quis ver.


ANDA À TOA:


Toa é a corda com que uma embarcação reboca a outra. Um navio que está

à toa é o que não tem leme nem rumo, indo para onde o navio que o

reboca determinar.


QUEM NÃO TEM CÃO, CAÇA COM GATO:


Na verdade, a expressão, com o passar dos anos, adulterou-se.

Inicialmente dizia-se quem não tem cão caça como gato, ou seja,

esgueirando-se, astutamente, traiçoeiramente, como fazem os gatos.



VAI TOMAR BANHO:


Em "Casa Grande & Senzala", Gilberto Freyre analisa os hábitos de

higiene dos índios versus os do colonizador português. Depois das

Cruzadas, como corolário dos contactos comerciais, o europeu se

contagiou de sífilis e de outras doenças transmissíveis e desenvolveu

medo ao banho e horror à nudez, o que muito agradou à Igreja. Ora, o

índio não conhecia a sífilis e se lavava da cabeça aos pés nos banhos

de rio, além de usar folhas de árvore para limpar os bebés e lavar no

rio as redes nas quais dormiam. Ora, o cheiro exalado pelo corpo dos

portugueses, abafado em roupas que não eram trocadas com frequência e

raramente lavadas, aliado à falta de banho, causava repugnância aos

índios. Então os índios, quando estavam fartos de receber ordens dos

portugueses, mandavam que fossem "tomar banho".


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