os fajardos
Tudo começou naquele dia de manhã em
que foi trabalhar.
Não que nos outros dias não fosse
trabalhar de manhã, ou não fosse trabalhar, mas naquele dia, de manhã, na manhã
que foi trabalhar, exactamente com das outras vezes, trabalhou de manhã, e
quando digo isto entendo que o acto de trabalhar de manhã, avie a freguesia que
lhe entra pela porta dentro, não por ser de manhã mas por que entendem que
precisam de ser aviados, ou atendidos.
(Divago... não, perdi-me mesmo.)
(Ah!)
Bom, entrou uma senhora da parte de
tarde que queria que eu lhe respondesse a umas perguntas, nomeadamente acerca
de um assunto que não me sabia explicar bem mas que teria a ver com um papel
que tinha na carteira, de entre uns quantos que fez vomitar da carteira para a
mesa, que depois de encontrar, com a dificuldade da pitosguice galopante, disse
ela, «não trouxe os outros óculos», os que lhe permitiam ler os papeis, e antes
de encontrar o papel que queria referiu uma série de coisas, nomeadamente que
alguém teria feito uma fajardice ao seu filho, «fajardos! Fizeram a fajardice…»
bradou ela e explicava o que fajardaram enquanto procurava encontrar os papeis
no meio da desfocagem dos olhos.
Por fim lá apareceu o papel e
esclareci, o pouco que soube ou podia esclarecer.
Foi-se embora.
Depois saí e fui à superfície
comercial dos preços pequeninos, e constatei que um ajuntamento (o espaço é
pequeno) de três velhas à entrada liam pausadamente e devagar revistas como a
Maria e a Gente e assim … pausadamente lentas e sem pestanejar ou mexer,
excepto para virar a página, depois de cuspir nos dedos...
Óviamente que não as compraram.
Já estavam lidas.
Amanhã quando for comprar o jornal
vou fazer o mesmo. Vai-se a saber é um fenómeno gondomarense. Ler e não pagar.
Está certo, paga-se para comprar,
que eu saiba ler não tem preço…
Labels: fajardisse, fajardos, Gondomar
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