o Contrabandista - Episódio 1
Enroscou a samarra à volta do corpo franzino e embrenhou-se na escuridão do negrume nocturno, fazendo o caminho até por detrás do coreto, onde tinha deixado a bicicleta. Dali a casa, a correr bem seriam mais de meia hora de caminho, se o vento ou a fraqueza da bebedeira não o empurrassem para o chão. O melhor mesmo seria que os castanheiros não viessem para o meio da estrada, como costuma acontecer nos dias de invernia em que já leva o bucho cheio de côdeas de pão e bagaço.
Não houve percalços, constatou de manhã quando olhou a bicicleta, cheia de lama e bostas do gado.
Hoje era domingo, e permitiu-se um descanso, amanhã voltava a subir a serra.
A mãe arrastou-o para a missa do padre Zé, para expiar a maldade que lhe conspurcava os modos, disse ela com desdém. Ele foi, só para não ouvir mais desaforos durante o resto do dia, e acabou por acordar de um salto depois da homilia, com uma cotovelada certeira nos rins.
- Filho do Demo! Hás-de arder como o Carrapato na fogueira da aldeia!
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