Sunday, December 10, 2017

Cartas a António



Amigo António,

Hoje foi dia de circo! 

Não que todos os dias não sejam um circo, sobretudo à semana, por entre as feras, as bestas e sobretudo os palhaços, mas não é desse circo que te falo, ou antes escrevo, falo-te do outro, aquele que por volta do Natal nos vem fustigar o rol das obrigações familiares, porque as crianças gostam, e os adultos gostam de as ver felizes, mais vale isso que nos gritarem aos ouvidos e a espalhar os brinquedos na sala, por isso levam-se  as crianças à matiné, e a mãe pode sempre dormir até ao meio dia mesmo até porque a criança já chega a casa com uma barrigada de pipocas e algodão doce e já o almoço é preocupação nula. 
Mas lá fui eu, a cantar e a rir, na esperança de ser surpreendido com uma matine de se lhe tirar o chapéu, de espectáculo coreografado, de cor, riso, e trapezistas de coxa grossa…
Como acontece muito no circo, começa o espectáculo já com a jaula montada para os … tigres! Ao que percebi, estes eram Tigres de Bengala. Não os sei distinguir, por isso. Mas afinal, o que são os tigres de Bengala, serão mancos? Usam bengala porque já são velhos, vieram do lar dos tigres idosos? Estes eram seguramente alentejanos, surdos e um deles cagou para nós...literalmente...  Fazia lembrar o National Geographic (lê isto com sotaque brasileiro): agora vamos observar o comportamento do tigre no banheiro. O tigre  sente a vontade de ir no banheiro, arqueia um pouco as costas, coloca-se em posição de agachamento, levanta ligeiramente a cauda, faz força e projecta aos seus dejectos  na floresta ...   Mesmo! Um dos tigres esteve-se mesmo a cagar para o domador!  
Depois, de entretém, enquanto desmontavam a jaula, veio a Celina, uma polaca novinha e bem feita com uma ginástica que até me torceu todo.
A seguir veio um equilibrista/contorcionista vestido de deus grego ou romano, por certo que ninguém lhe explicou que o carnaval e só daqui a três meses e, às páginas o tipo passou a striper no varão, sendo a sua maior especialidade o pino que fazia muito bem. Por certo que faria um grande êxito nas soirés do Lusitano... 
O palhaço que se seguiu limitou-se a acender e apagar as luzes umas quantas vezes...  Até que apanhou um choque e ficou com os cabelos em pé... e depois foi caçar vítimas ao público pelo que em vez de um, passamos a três palhaços pelo mesmo preço. 
Dromedários... amestrados(?) Entraram em palco, deram umas voltinhas ao ring, algumas crianças deram-lhes bolachinhas...!?!! e a surpresa seguinte, pela mão do mesmo artista, por sinal o mesmo dos tigres, foi o namorado da Popota... Entrou e sentou-se ... Ao que parece o Strong é colega de trabalho do Ring Master ...  

Fomos para intervalo, finalmente algum sossego, pensei, mas cedo concluí que não, pois no ring sucederam-se os póneis com criancinhas para dar uma voltinha e que depois compravam uma espécie de espadas de Dart Vader chinês, não em tecnicolor mas em multicolor... Muito melhor! Nem em Bollywood conseguem...
Vá lá, desta vez não vimos o habitual “panda”das fotografias, um Chow-Chow pintado de preto e branco, para estorquir o dinheiro das fotos aos incautos …

Estou ansioso pela segunda parte...

Chegaram os engolidores de fogo, o «vulcão humano», que depois de dois ou trêsx truques que qualquer um de nós consegue fazer em casa, foi soltando répteis variados no ring, umas quantas cobras «altamente perigosas», «altamente venenosas», uma piton com 5, 5 metros, que foram retirando uma a uma para o ring, a que se juntou um crocodilo do Nilo... Os bichinhos nem fugiram de tão gordos que estavam, ou era isso ou tinham mamado uns drunfos. Fosga-se pegavamos no fogo e fazíamos um grelhado misto... para isto tinha ido ao jardim zoológico... 

Ah, espera, depois veio o Super Palhaço … adiante…

Malabaristas…só um, e  … adiante …

Mais palhaços, desta vez dois, tinha esperança de um espectáculo mais tradicional mas.... adiante 

No fim, a apoteose do Ring Master a tocar saxofone acompanhado de uma contorcionista mamalhuda na rede ... ao som de amar pelos dois ... que bunitu! quase chorei... de desespero ...

Gosto tanto de vir ao circo!

Deixo-te com o me abraço de amigo e os votos que o teu Natal seja ... sem circo. Se algum dos teu putos te pedir para lá ir amanda-lhe duas galhetas!

Do teu

Gumersindo Adalberto

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