Friday, October 23, 2015

CAMPANHA ELEITORAL: MANIFESTO POLÍTICO DO PARTIDO VERDE

Nunca se mente tanto como depois de uma caçada, durante uma guerra, ou antes de umas eleições
Otto Von Bismark

A penalização por não participares na política, é acabares a ser governado pelos teus inferiores.
Platão


« Mas o resultado de todas as suas consultações e deliberações tinha sido aquele tão legítimo, tão clássico e proverbial português de: AMANHÃ VEREMOS. Assente e aceite este grande ultimatum da política portuguesa, que mais há que fazer? Os ministros adormecem nos seus gabinetes dourados, os senadores nas suas curuis de marfim, e os próprios tribunos –
quando os há – roncam nos seus escanos de pinho, porque tudo está dito e tudo está feito. Boas noites, amada pátria, e até amanhã.
»
Almeida Garrett

 “Às vezes, é melhor ficar calado e deixar que as pessoas pensem que você é um imbecil, do que falar e acabar de vez com a dúvida
Abraham Lincoln

 

MANIFESTO POLÍTICO DO PARTIDO VERDE


O Candidato único do Partido Verde distingue-se dos demais pela postura e pela gravata, ambas verdes.

Mais nada.

Absolutamente mais nada!

Porque, em verdade... não vale a penamais nada que isso, se não vejamos:

«As campanhas eleitorais podem definir-se pela elaboração de manifestos eleitorais que ninguém lê – e que após os votos contados só vão ser válidos para o que interessar; por uma chuva de promessas que ninguém espera cumprir, ou ver cumpridas e a criação de uma suposta atmosfera de festa, com muitos gritos, ruído e tentativas de juntar muitas pessoas com bandeirinhas, seja à volta de uns canecos, seja em arruadas ou espaços confinados, abrilhantados com bandas rock, foguetes, cabeçudos e parafernália vária.
Tenta-se esquadrinhar o país, o melhor possível, com este pão e circo omnipresente.
Quanto mais ululante for o espectáculo, mais aquelas alminhas se sentem reconfortadas e confiantes.
Os que podem distribuem camisolas, canetas, emblemas, bonés, sacos e miudezas várias com símbolos partidários, que não servem rigorosamente para nada a não ser dar dinheiro a ganhar a quem os vende.
Alguns autarcas mais afoitos ou endinheirados chegam a oferecer eletrodomésticos; no século XIX chamavam-lhes caciques locais e, sempre que podiam, davam umas “chapeladas”, nas urnas…
Aliás o termo “urna” define bem – certamente por ironia do destino – o fim de todo este espectáculo que, com o passar do tempo se assemelha a funeral.
Como os estrategas das campanhas entendem que este receituário dá votos, os partidos concorrentes esmifram-se por arranjarem cada vez mais fundos para gastar, provocando uma espiral de gastos escandalosos e supérfluos, que são um atentado ao bom senso e uma ofensa ao comum do cidadão!
O conceito requentado de “esquerda” e “direita” – também ele com origem na Revolução Francesa – também inquina tudo e não ajuda a nada. Este conceito tem origem na Assembleia Nacional Francesa, quando os partidários do Rei se sentavam à direita do Presidente da Assembleia, e os partidários da Revolução se sentavam à esquerda. 

Os debates e os discursos são, de um modo geral, de uma pobreza confrangedora; vazios de ideias; cheios de ataques pessoais; mentiras avulsas ditas com ar sério; sem qualquer sentido de Estado, preocupação institucional, ou de qualquer assunto que seja relevante para a vida da Nação.
Se o saudoso Coronel Homero de Matos fosse vivo estaria, por certo, a ouvi-lo dizer deles “têm a luminosidade de uma vela de sebo dentro de um corno de carneiro”!
Não raro o discurso de campanha muda ou inflete, conforme episódios fortuitos ou provocados, que vão surgindo; resultado de “sondagens” – outro negócio que só vai servindo para confundir o eleitor; ou com dizeres de comentadores, que passaram a pulular e que nenhum órgão de comunicação agora dispensa. Parece até que passaram a constituir uma espécie de Camara - Baixa do Parlamento…
No meio disto tudo, os candidatos a deputados – os tais representantes do povo – praticamente não existem, concentrando-se tudo nas figuras dos chefes partidários.
E ao que eles se submetem, meu Deus!
Como é que pessoas crescidas se dispõem a fazer figuras ridículas e caricatas como andar a cantarolar, ou a dar um pé de dança, em festarolas; provar todos os vinhos e petiscos que lhes põem à frente (este ainda é o menos mau); andar a beijocar varinas nos mercados e criancinhas com ranho, em feiras; como se sujeitam a ouvir imprecações nas ruas e mais um sem número de momices e futilidades, que uma pessoa no seu estado normal – isto é, não estando em campanha eleitoral – jamais lhe passaria pela cabeça fazer, em público?
Tudo isto para pedir um voto?
Mas o voto será assim uma coisa de tão pouco valor que vale o que eles se sujeitam?
E depois de termos visto e ouvido os futuros governantes a esfalfarem-se nestas figuras tristes, alguém os pode respeitar ou levar a sério?
»
 
João José Brandão Ferreira