Sunday, August 31, 2014

Cartas ao Crackers




Caro Craker’s,

É com a alma macerada e entristecida que te escrevo, mas doem-me também outras partes do corpo, nomeadamente o cú, pois já me encontro sentado na sanita há um pedaço a fazer força.
Tenho desfolhado com algum afinco, dedicação e pormenor, as páginas deste blog em busca dos teus contributos e sou forçado a admitir, para além de ser forçado a fazer forçinha, aquilo que não é óbvio para toda a gente, ou seja, não há posts teus.
Ainda assim, e para que não te sintas mal, como é o meu caso pois doí-me o esfincter e o baixo-ventre, venho pedir-te que me dites o que queres aqui dizer, mesmo correndo o risco de morte por envenenamento químico pelo facto de esta câmara de tortura onde me encontro não ter exaustor, mais tu, porque eu já estou habituado.

Fico à tua espera,mas não demores, que a espera e o esforço são inimigas da hemorróide, que eu essa, já a tenho bem gorda.

Um grande bem-haja para ti.

Há Sete


P.S. – se não te importas, à vinda trás-me uma latinha de Brise, ou mesmo Raid Casa e Plantas, que para o efeito também serve...








Boião de Cultura


É mentira; não foi o vil coveiro
Quem com manha, maldade, ou tudo junto,
Impingiu várias iscas de defunto.
A mascarrado e gírio pasteleiro.

Foi Bernardes ( o Nénias) que em mau cheiro
Enfrascando o nariz e as mãos em unto
Impingia também o seu presunto,
Dalgum, com que esbarrva ainda inteiro.

Hoje atreve-se a mais; quer ver se apanha
Este, que é dos cadáveres Herodes,
Ao descarnado França em seco chispe.

Se lhe cais, Melizeu, na mão grifanha,
Lá vão filhos, mulher, sonetos, odes,
Ah, pobre! Queira Deus que te não bispe!

[Ao Dr. Manuel Bernardo de Sousa e Melo, correndo fama de que o coveiro do cemitério da Esperança vendia iscas de defunto a um pasteleiro vizinho do mesmo sítio, por Barbosa do Bocage]