Manifesto

Gostas de animais?
Imagino que sim, só não "apadrinhas" mais porque não podes.
Tens um S.Bernardo em casa não é?
É chato, por não teres quintal onde ele possa correr e brincar e fazer as necessidades. Que maçada estes apartamentos serem tão pequenos,
Pois é, tens de vir com ele à rua duas vezes ao dia.
Se tivesses um cão mais pequeno era igual porque ele precisava sempre de fazer um passeio para desentorpecer as pernas, para ficar menos balofo e assim.
E não te incomoda o facto de o canito sujar o passeio à passagem?
Quer dizer, ele é um S. Bernardo.
Ah, as pessoas desviam-se, estão habituadas, e compreendem.
Pois.

E os cegos?
És tu quem lhes limpa a merda dos sapatos?

Comichão nos pés

Como outras vezes fizemo-nos à estrada, ansiosos por chegar, desejosos que os fracos raios de luz se fizessem fortes, e que durassem algum tempo, o suficiente, pelo menos.
Chegamos maravilhados, e como que voltando a casa, enchemos os sentidos do alimento de quem volta a casa, voltamos movidos pela saudade, e pelo reencontro, com nós próprios.
Arriscamos até trazer algo connosco, ainda que fosse um bicho inadvertidamente aprisionado na roupa, um espinho cravado na palma da mão, um salpico de lama, ou mesmo um conjunto de bytes na tentativa de capturar o que a vista não consegue partilhar com os demais.
Disto ou daquilo trouxemos cansaço, mas sobretudo trouxemos a tristeza e a melancolia de ter de vir embora, mas satisfeitos pelo que conseguimos, com o que planeamos.
Vamos por isso voltar!